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Victor Fasano conhece as estrelas do desenho animado  “Rio”!
17 de Maio de 2012

Victor Fasano viajou até o Qatar, uma pequena peninsula no Oriente Médio, para conhecer pessoalmente as estrelas do desenho animado “RIO”.
Na Al Wabra Wildlife Preservation, propriedade de um membro da família real do Qatar, a sua Excelência Sheikh Saoud Bin Mohammed Bin Ali Al-Thani, vive a maior população de ararinhas azuis do mundo. A ararinha azul é uma linda ave azul de médio porte que habitou a Caatinga na região Nordeste do Brasil. O último indivíduo da espécie foi avistado pela última vez em 2000 e desde então acredita-se que a espécie esteja extinta na natureza. A destruição do habitat  e eventualmente a caça levaram ao desaparecimento dessa carismática espécie na natureza.
O desenho animado “Rio” tendo Blu e Jade como estrelas fizeram a espécie famosa mundialmente e aumentaram a atenção para a conservação destas aves. No momento esta sendo feito a sequência deste desenho que sem dúvida irá trazer ainda mais atenção para a conservação das ararinhas azuis.
O programa de reprodução em cativeiro da ararinha azul, coordenado pelo ICMBio no Brasil, conta com 80 araras, das quais 59 estão vivendo na organização internacional de conservação Al Wabra Wildlife Preservation (Preservação da Vida Selvagem Al Wabra), um oasis no meio do deserto que fica localizada em Al Sheehanyia, aproximadamente 40 km da capital Doha. Dessas 59 araras 32 nasceram na AWWP, a partir de 2004 quando o programa de reprodução das ararinhas azuis foi iniciado. Este mês o Sheikh Saoud enviou representantes da AWWP ao Brasil, para oferecer sua experiência na reprodução da ararinha azul e somar ao esforço que está sendo desenvolvido no âmbito da revisão do Plano de Ação oficial para a ave no Brasil.
A AWWP não tem fins comerciais e é dedicada à pesquisa científica, não sendo aberta à visitação pública. É membro da Associação Européia de Zoos e Aquários (European Association of Zoos and  Aquaria) e desenvolve programas de conservação no ambiente natural (in-situ) no Brasil (Ararinha azul na Caatinga) e na Etiópia (antílope dibatag ou gazela de Clarke, na região de Ogaden). A AWWP está ativamente envolvida com programas educacionais no Qatar.
Este ano, até então, 4 filhotes nasceram e estão no momento sendo criados à mão. Além disso, pela primeiríssima vez, inseminação artificial sistemática foi realizada nessas araras por um time de especialistas da Universidade Giessen da Alemanha e da Consultoria em Reprodução de Papagaios (Parrot Reproduction Consulting), que desenvolveu a técnica para a Universidade em conjunto com a equipe de veterinários e ornitólogos da AWWP, visando aumentar as chances de sucesso na criação. A fertilização in-vitro também foi tentada e será aprimorada mais adiante.
A prioridade número um continua sendo aumentar a população em cativeiro da ararinha azul, porque um programa de reintrodução no Brasil só poderá ser bem sucedido se pássaros suficientes forem criados em cativeiro, e a Al Wabra Willife Preservation do Qatar está pronta para desempenhar um papel importante para alcançar esse objetivo.

Além de todos os esforços realizados no Qatar para salvar a ararinhas azul, o Sheikh Saoud ainda comprou 2.380ha de terras numa importante área de Caatinga na região de Curaçá/BA. Nesta propriedade funcionava a base do Projeto da Ararinha azul, que trabalhou intensamente durante os anos 90 na região com a esperança de recuperar a espécie. No local esta a árvore com o ninho utilizado pelo último casal de ararinhas azuis vistos na natureza, há diversas outras árvores com ocos adequados para as ararinhas azuis, contudo muitos estão atualmente ocupados por outra ararinha da espécie, como a maracanã-verdadeira, morcegos, gaviões e abelhas, mas há grande esperança de que eles possam ser ocupados por ararinhas azuis.
A equipe Al Wabra, incluindo a jovem bióloga brasileira Monalyssa Camandaroba-Watson, já está presente no Brasil para preparar as terras para a reintrodução. O superpastoreio pelos rebanhos domésticos, o desmatamento – particularmente das árvores próprias para as araras Spix fazerem seus ninhos – e a degradação dos sistemas hídricos de riachos são os maiores desafios para a recuperação dos habitats.
A Al Wabra tem planos também para instalar um centro reprodutivo para ararinhas azuis no Brasil, para onde pássaros do projeto de preservação no Qatar possam ser enviados para continuar sua reprodução perto da área de soltura no Brasil. A esperança é a de que as suas crias fiquem prontas para serem libertadas na Caatinga e sejam devolvidas ao Brasil e ao povo brasileiro, pois esse é o maior desejo de S. Exª. Sheikh Saoud.
Victor diz: “É estimulante ver que há mais de 10.000 km do Brasil existem pessoas que se preocupam com a recuperação das ararinhas azuis, uma das aves mais ameaçadas do mundo. Esta é uma responsabilidade que a Al Wabra tem se comprometido seriamente, eles estão tentando de tudo para salvar esta espécie. A ararinha azul é uma espécie emblemática para o Brasil e eu, como brasileiro, estou orgulhoso de ver este comprometimento, pois sem a Al Wabra esta espécie provavelmente estaria completamente extinta há muito tempo atrás, mas agora eu sinto que a esperança de vê-las voando na Caatinga é real. Eles tem meu total apóio neste programa e eu irei acompanhar de perto todos os esforços para salvar esta espécie.”
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